Cidade Réquiem - Capa do livro

Cidade Réquiem

C. Swallow

Club Emerald

MADDIE

Eu via fogo por todo lado. Desde aquele encontro com os irmãos Dobrzycka, o fogo estava por toda parte. Em minha cabeça, sob minha pele, até mesmo penetrando meus pensamentos mais profundos e sombrios.

No segundo em que voltei para o centro comunitário, corri para o quarto de Harry, rezando para que ele e Darshan estivessem juntos.

"O que aconteceu, Maddie?" Harry perguntou, assustado quando entrei na sala.

"Não dá tempo de explicar. Vamos."

Descemos as escadas correndo e estávamos na metade do caminho, prontos para escapar de Requiem de uma vez por todas, quando ouvi a última voz do mundo que eu queria ouvir.

“Maaaaaads”, zumbiu Dominic, caminhando até o colégio interno. “Vai pra algum lugar?"

Seus capangas estavam atrás dele com os braços cruzados, parecendo que estavam loucos para arrebentar a gente. Todos usavam camisetas pretas, jeans largos e correntes nos cintos. Achando que são os mais descolados. Sempre precisei me esforçar muito para não rir na cara deles.

"O que é que você quer, Dominic?" Eu perguntei, fervendo de raiva.

“Olha, isso não é jeito de falar com o cara que te ensinou tudo. O cara que quase foi preso por sua causa. Concorda?"

Ele acenou com a cabeça para um de seus capangas, que se virou e bateu com o punho no estômago de Darshan. Darshan curvou-se de dor e eu gritei, furiosa.

"Seu filho da-"

"Quer que eu faça o mesmo com esse garoto?" Dominic perguntou, acenando para Harry. “Não me custa nada. Diferente de você. Você me custou muito, Mads.”

“Ok”, eu disse, levantando minhas mãos em sinal de rendição. “Apenas os deixe em paz, está bem? Eu farei o que você disser.”

Dominic esperou um segundo e depois acenou com a cabeça para seus capangas. Eles deixaram Darshan e Harry irem, e meus amigos correram de volta para o centro.

"Que bom que você está mudando de tom", disse Dominic. "Bem a tempo também porque temos grandes planos esta noite. Você vai compensar nossas perdas com o relógio. No Club Emerald.”

Merda.

O maior clube da Cidade Réquiem - que por acaso era propriedade dos Dobrzyckas.

O lugar mais fácil para ser pego e acabar com a mão decepada. Eu tentei balançar minha cabeça.

“Fala sério, Dom. Deve haver outra maneira de eu retribuir.”

"Não, não. Tentei ser legal. Deixei você fazer o que queria. E qual foi o resultado? Me fala."

“Mas o Club Emerald é uma zona!”

“Sim, uma zona que atrai os mais ricos da cidade. E uma espécie em particular. Uma menina, acho que você conhece. Qual é o nome dela mesmo, Darren?”

O único cara que realmente não parecia pertencer ao grupo de Dominic, Darren, mais punk do que aspirante a gângster, revirou os olhos.

"Dom, dá pra parar com o showzinho?" ele perguntou.

“Tudo bem, eu falo. A maldita. Adara. Dobrzycka.”

Eu vi a alegria nos olhos lacrimejantes de Dominic e praguejei por dentro. Eu podia ver o esquema que ele já tinha em mente.

“Acontece que Adara tem uma queda pelo nosso menino Darren aqui”, Dom continuou. “Uma boa distração, certo? E considerando que você provou ser tão hábil em roubar a mulher uma vez, ué, por que não tentar de novo? Pegue algo que dê mesmo pra vender.”

“Que plano perfeito” eu murmurei. “Só um problema: em que mundo qualquer segurança vai deixar um cara horroroso que nem você entrar no Club Emerald?”

Os meninos do Dominic riram. Ele ergueu o punho trêmulo. E eles pararam no comando. Aquele punho, pensei, estava prestes a atingir meu rosto. Dominic não gostava de ser ridicularizado na frente de sua gangue. Mas em vez disso, ele deixou o punho relaxar na palma da mão aberta e acariciou meu cabelo.

Eca.

"Olha, Mads", disse ele calmamente. “Você vai fazer isso. Você me deve, lembre-se. E não apenas dinheiro. Eu te ensinei tudo que você sabe. Então, vista algo sexy e saia em cinco minutos. Ou encontraremos seu amiguinho cego e o outro gatinho assustado e faremos alguns danos irreparáveis. Fechado?"

Cerrei os dentes, mas assenti.

"Boa garota." Ele sorriu, acariciando levemente minha bochecha. “Agora, vamos. Vamos fazer essa noite ser inesquecível.”

***

Harryvocê vai ficar bem, mads?
Harrydevemos contar para a elle?
Maddieaff como se a Elle fosse ajudar
Harryo que podemos fazer?
Maddiecompartilhei minha localização com vocês
Maddiecaso vocês precisem me encontrar
Maddievai que dá alguma merda
Harryvocê acha que vai dar?
Maddietenho certeza

O Club Emerald era um galpão de cinco andares que virou boate em um dos cantos mais sujos e sombrios da Cidade Réquiem. Era assim que a clientela gostava.

Já tinha ouvido as fofocas. A elite vivia fazendo surubas lá. Mas a parada realmente pervertida eles faziam nas salas dos fundos, onde apenas a elite da elite era convidada.

Eu não era muito depravada, mas o mistério por trás de tudo isso, admito, fez minha espinha formigar um pouco. Tipo uma curiosidade mórbida, sabe?

Eu não podia acreditar que era assim que iria passar minha última noite em liberdade. Quem sabia se eu seria capaz de escapar com Darshan e Harry a tempo agora. Agora que os Dobrzyckas me queriam para eles.

Enquanto Dominic estacionava em uma vaga ilegal, saímos do carro e nos aproximamos da festa. Darren e eu saímos por último. Ele era magro como um palito, coberto de tatuagens pretas e punk até dizer chega. Deve ser o tipo de Adara ...

Ele percebeu meu olhar e sorriu. "Tá se perguntando por que eu e Adara?"

"Só fico meio surpresa, acho."

“Ela gosta de sair com gente da quebrada. Ela acha que isso deixa ela mais ‘maneira’.”

Nós dois rimos com isso. Darren, eu tinha que admitir, não era tão ruim quanto o resto da gangue de Dominic. Eu me perguntava como ele acabou virando amigo deles. Eu balancei a cabeça para Dominic à frente, enquanto ele bebia o que restava de uma long neck.

"Como foi que você virou amigo do Dom?"

“Amigo é exagero, Madeline.”

Ele sabe meu nome? Aquilo foi surpreendente.

"Então por que…"

“Pra me manter vivo. Se alguém pode entender isso, na Cidade Réquiem, imagino que seja você. Ah, e é claro, ele me dá um monte overhead , é claro. Essa merda é ~ fogo. ~”

Overhead? Que decepção. Aquilo era a droga favorita dos adolescentes na época, um coquetel nojento cheio de coisa que te colocava pra cima, pra baixo, pra todo o lugar. A julgar pelas mãos inquietas de Darren, ele não era apenas um usuário casual.

"Por que você tá usando essa merda?"

“Ajuda com a depressão.”

Notei que seus braços estavam cobertos de cortes curados e cicatrizes feias. Ele se aproximou.

"Enfim. Se você se sentir insegura lá dentro, é só me avisar, tá? Eu te ajudo."

“Eu já sou bem grandinha. Eu dou conta. Mas, valeu..."

Perceber que você tinha um aliado em um lugar improvável sempre era bom. Mas então Dominic acenou para mim. Suas pupilas já estavam começando a dilatar.

Parecia que ele tinha colocado um pouco de overhead na cerveja e estava ficando cada vez mais chapado na última meia hora. Eu me aproximei hesitante.

Se um Dominic sóbrio era um desastre natural, o Dominic chapado era a porra do apocalipse.

"Escuta aqui", disse ele, sorrindo até demais. “Você mantém essa bunda magra perto de mim a noite toda, entendeu? Vou te dizer o que fazer assim que entrarmos.”

Nós nos aproximamos do segurança, pulando a fila, Darren sussurrando em seu ouvido.

"Ele está com Adara." Dominic sorriu. “Sorte a nossa."

Então, com um aceno do segurança, entramos no Club Emerald. Plataformas elevadas, lasers verdes, graves potentes. Hordas de garotas e garotos suados e seminus, cambaleando, completamente loucos da cabeça.

O lugar fazia jus à sua reputação, sem dúvida.

Roubar a carteira de Adara era a última coisa que eu deveria fazer, dado o meu acordo com seus irmãos. Eu me perguntei se, na multidão de pessoas, eu poderia enganar Dominic aqui.

"Mads", disse ele, puxando-me para perto. “Vamos nos divertir um pouco antes de fodermos com Adara, certo? Escolha um babaca rico. Dance com ele. Eu cuido do resto.”

"Dom, a gente não pode apenas se concentrar na..."

"Eu te perguntei alguma coisa, porra?"

A droga o estava deixando mais nervoso, mais agressivo. Eu vi o brilho de uma ideia brilhar em seus olhos, e ele rapidamente procurou algo no bolso.

“Aqui”, ele disse. “Isso vai ajudar."

Ele trouxe um pequeno frasco de spray até minha narina e, antes que eu pudesse impedi-lo, me acertou direto no rosto com uma dose de spray.

Oh.

Porra.

Eu nunca estive drogada antes. Nunca quis. Nunca gostei disso. Tinha que manter a mente limpa para roubar. Mas agora?

Eu podia sentir minha garganta fechando, meus arredores turvando, meu corpo queimando em um segundo, congelando no outro.

Eu queria dar um soco na cara daquele filho da puta, mas me senti... impotente.

“Só curte a onda, gata”, Dominic murmurou. “Agora, vá encontrar um filho da puta e mexe essa bunda."

Sem uma palavra de reclamação, meu corpo começou a se mover. Uma vozinha no canto da minha mente gritou para parar de ser tão complacente, mas me senti tonta, sonolenta e completamente incapaz de controlar meus movimentos.

Encontrei um cara de terno e comecei a me esfregar nele. Ele parecia gostar do que estava vendo. Porque ele me puxou ainda mais perto.

Vagamente, vi uma mão deslizar em seu bolso enquanto Dominic fazia seu trabalho. Então, um segundo depois, Dominic agarrou meu braço e me jogou para o próximo cara na multidão. Nós continuamos isso por nem sei quanto tempo.

Comecei a ver coisas - coisas impossíveis - em meio à depravação. Rostos na multidão derretendo-se em monstruosas máscaras de horror. Presas em vez de dentes. Olhos negros como breu. Um rabo crescendo na bunda de uma garota girando.

O lugar todo estava cercado pelo fantástico. Por monstros. Lembrei-me daquelas histórias novamente. Histórias sobre as Montanhas Requiem. E me perguntei, mesmo neste estado nebuloso, se havia alguma verdade nelas.

São apenas as drogas.

Mas será mesmo? Ou estava finalmente enxergando outra dimensão que, até agora, sempre esteve fechada?

Tentei calar os horrores, mas a droga estava me prejudicando. Finalmente, Dominic viu Adara e Darren dançando juntos e me puxou.

"Beleza, gata." Dominic sorriu. “Está na hora. Vamos roubar o que quer que Adara tenha naquela bolsa, entendeu? Algo bom dessa vez. Algo que eu possa mesmo vender.”

Eu queria gritar. Dominic estava prestes a me jogar na cova dos leões. E não havia nada que eu pudesse fazer para impedir.

Meus pés estavam tão pesados.

Minha língua, entorpecida.

Minhas mãos, pareciam as de outra pessoa.

Mas foi então que os vi. Um par de olhos verde-esmeralda que eu tinha visto antes. Uma boca fumando cachimbo sem luz. Uma roupa meio mendigo chique.

Adara não era a única Dobrzycka no clube...

Porque lá, na minha frente, estava Loch.

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