Nathalie Hooker
Aurora
"Então... posso pegar um copo de água para você? Um pouco de chá talvez...?"
"Não."
"Ok."
Eu estava sonhando? Alpha Wolfgang estava no meu quarto. No meio da noite. Era só eu e ele. Meu companheiro.
Sozinhos.
E tudo o que eu estava vestindo eram shorts curtos e uma camiseta grande demais.
"Talvez você devesse ter usado alguma lingerie como pijama," ~Rhea sussurrou.~
"Como você sabe o que é isso?!" ~Eu assobiei de volta.~
Eu vi os lábios de Alpha Wolfgang se contorcendo em um esboço de sorriso. Será que ele tinha me ouvido? Será que era aquela tal conexão mental?
Oh, Deusa, me mate.
Eu o vi me olhar de cima a baixo, e pude sentir o rastro de arrepios que seu olhar deixou em minha pele. Aquilo era... luxúria em seus olhos? Mas ele piscou e a emoção se foi, substituída por seu habitual olhar sem emoção.
Eu mordi meu lábio.
Calma, calma...
~
Lembrei-me do desastre que aconteceu no baile. Ele não ~parecia feliz em me ver.~
"E se ele estiver aqui para me rejeitar?" ~sussurrei para Rhea.~
Se ele me rejeitasse, eu ficaria sem companheiro para o resto da minha vida – ao contrário dele, que teria o poder de escolher outra pessoa, mesmo que não houvesse conexão.
Sendo um Alfa, ele tinha o poder de rejeitar quem a Deusa da Lua o designasse como seu companheiro.
"Ele não vai te rejeitar. Calma. Apenas converse com ele", ~Rhea tentou me tranquilizar.
"Senhorita Aurora Craton", disse ele.
"Sim, sou eu…"
Seus olhos escanearam meu pequeno quarto, me fazendo desejar que estivesse mais limpo. Seus olhos pararam no uniforme de empregada que estava pendurado na minha porta.
"Roubar é uma ofensa grave", disse ele.
"Eu ia levar isso de volta pela manhã!" Eu disse. "Eu corri para fora da festa sem pensar depois de... uh..."
"Faça isso", disse Wolfgang. "Caso contrário, você pode ser chicoteada e colocada nas masmorras por um mês."
Eu balancei a cabeça, apavorada. Por que ele estava fazendo isso comigo?
"Por que você se candidatou como ajudante na Casa da Matilha?" Ele perguntou.
"Não fui eu." Seu olhar caiu sobre mim, e eu mexi na barra da minha camisa, olhando para os meus pés. "Hm, minha madrasta fez isso por mim. Ela queria que eu saísse de casa e ganhasse algum dinheiro, e também..." Eu hesitei e arrisquei um olhar para ele. "Talvez encontrar meu companheiro."
Seus olhos escureceram com a palavra e um grunhido baixo retumbou de seu peito.
Curiosamente, gostei do som...
Ele tirou o que parecia ser um grande envelope. Ele vasculhou alguns dos papéis ali, examinando as palavras.
"O que é isso?" Eu perguntei.
"Alguns registros", disse ele. "Diz aqui que você não teve boas notas na escola, nem teve muito destaque nas aulas de atletismo. Não há muitas atividades extracurriculares também."
"Eu gosto de assistir Netflix..." Eu franzi a testa. "O que isso tem a ver?"
Alpha Wolfgang suspirou frustrado. "Não há nada que você possa oferecer, senhorita Craton?"
"Espera um pouco..." Minha boca se abriu quando percebi o que estava acontecendo. "Você está me entrevistando?"~
"Vou dizer isso apenas uma vez, então ouça com atenção, Srta. Craton. Eu sou o Alfa desta Matilha, conhecido por minha força e minha destreza em administrar esta aldeia, assim como meu pai e seus ancestrais fizeram."
Ele olhou para mim. "Muito se espera de mim. Especialmente em relação à companheira que apresentarei como minha Luna…"
Ele parou por um momento enquanto me avaliava da cabeça aos pés.
"E eu tenho certeza que você não se qualifica. Espero, para seu próprio bem, que você ainda não tenha contado a ninguém. Caso contrário, irei negar."
Lá estava ela. Eu pude observar sua expressão inabalável que ele sempre carregava no rosto.
Era o que eu mais temia. Ele ia me rejeitar.
Eu ficaria sem companheiro para o resto da minha vida.
"Por que não sou boa o suficiente, Alfa?" Eu me atrevi a perguntar a ele. Minha voz estava trêmula, quase como um sussurro.
"Como é?"
"Eu perguntei... por que não sou boa o suficiente para você? Por que vai me condenar a me tornar uma loba sem companheiro?" Dessa vez perguntei olhando diretamente em seus olhos.
Lágrimas rolaram livremente pelo meu rosto.
"Há muito em risco. Você seria uma responsabilidade para mim se eu te escolhesse como minha companheira", ele disse.
Ele balançou sua cabeça. "Você não tem habilidades ou competências que possam me ajudar como líder, para governar e proteger a Matilha. Você nem se transformou ainda, não é?"
Eu abaixei minha cabeça com vergonha. Isso era tudo que ele pensava de mim.
Uma responsabilidade a mais. Uma pessoa sem valor. Alguém que não ofereceria nada a ele caso me aceitasse como sua companheira.
"Eu... eu entendo..." eu disse, sem me atrever a olhar para ele.
Tinha como minha vida ficar pior?