Ecos na Penumbra - Capa do livro

Ecos na Penumbra

Elizabeth Gordon

Problemas familiares

KAREN

Momentos depois que seu marido admitiu o caso, Karen lutou para recuperar a compostura.

A verdade era inegável. As evidências estavam todas lá, no celular dele. A vida secreta de Dan se revelou para Karen enquanto ela olhava para a pequena tela, seu coração pulsando como alguém batendo em uma porta trancada enquanto a sala pegava fogo.

Será que ele vai me implorar por perdão? ~Ela se perguntou.

Acontece que ele simplesmente foi em frente e admitiu. Ele lidou com o caso quase como se não se importasse com o que Karen pensava sobre isso, ou como afetaria o casamento deles.

Karen engoliu em seco, perguntando-se como responder. Ela tinha tantas perguntas.

Quem era essa tal de Ramona? Há quanto tempo eles estão saindo? O que ela tinha que a Karen não tinha?

Em vez disso, ela apenas disse: "Por quê?"

"Não sei, Karen", Dan respondeu. "Por que as pessoas fazem essas coisas? A vida é uma só."

Karen olhou para o homem que ela pensava que conhecia. Ele estava úmido, limpo e cheirava a loção pós-barba.

"A vida é uma só?" ela repetiu. "O que isso significa?"

Ela não estava tentando atacar o marido, mas ele ergueu as mãos como se ela estivesse ameaçando-o.

"Isso significa que eu quero um pouco de carinho. Um pouco de emoção." Dan começou a andar pela sala. "Você pode me culpar?"

Ele parou e olhou para ela.

"Eu te amo", gritou a esposa. "Eu também quero essas coisas."

Dan suspirou e se sentou ao lado de Karen na cama. Seus olhos ardiam de lágrimas.

"Karen, não fazemos amor há quase um ano", disse ele. Seu tom era mais suave agora. "Você realmente ~achou que estava tudo bem?"

Ela achava ~que eles estavam bem. Ela sabia que eles andavam meio distantes, mas achava que ambos experimentariam uma diminuição da libido como parte do envelhecimento.

Era apenas parte da vida, certo?

Karen prendeu a respiração.

Ela estava completamente errada.

Estava claro para ela o que deveria fazer. Seu marido estava preparado para outra mulher. Mas talvez ela pudesse convencê-lo a ficar...

Quanto tempo fazia desde que ela seduziu o seu marido pela última vez? Nas últimas vezes em que eles fizeram sexo - e já fazia um bom tempo - houve pouca diversão.

Karen basicamente só ficava deitada.

Essa era a sua chance de provar ao marido que ela queria emoção. Que ela desejava ele. ~

Mecanicamente, Karen estendeu a mão para tirar a alça da blusa do ombro. Ela usava um conjunto de pijama combinando.

Ela sabia que estava em boa forma para uma mulher da sua idade, mas era verdade que havia envelhecido.

Sua mão caiu, expondo seu seio esquerdo. A gravidade não tinha sido gentil com os seus seios, outrora flutuantes. A carne macia cedeu, seu mamilo apontava para o umbigo.

Os ombros de Karen caíram quando ela apresentou a sua oferta escassa.

Tremendo de ansiedade e medo, ela estendeu a mão para tocar o braço de Dan, só então reunindo coragem para encontrar o olhar dele.

Seu marido estava olhando para o seio dela. Sua pele estava quente sob os dedos de Karen. Ela o desejava muito naquele momento, desesperadamente, porque ela sabia que ele estava escapando...

"Karen", disse Dan. Ele estendeu a mão e moveu a mão dela, e o coração de Karen se partiu. "Eu não posso."

"~ Porque você vai sair com ela?" ela perguntou. Ela rapidamente puxou a blusa de volta, querendo cobrir-se.

Ela não teve coragem de dizer o nome da outra mulher. Ela não teve coragem de olhar para ele.

Dan não respondeu. Em vez disso, ele se levantou e vestiu a sua calça jeans e uma camisa de botão.

Karen se deitou na cama e se aninhou sob as cobertas. Ela se enrolou em uma pequena bola.

"Você quer se separar?" ela perguntou.

Ela ouviu Dan suspirar, e então seus passos se aproximaram dela.

"Não," ele disse. "Eu só preciso disso agora."

Ela olhou para ele e não se preocupou em esconder as lágrimas.

"Talvez seja bom para você também," ele continuou. "Poderíamos tentar... um relacionamento aberto."

Dan tocou o cabelo de Karen e ela fechou os olhos. Ela ouviu o marido sair da sala.

Quando Karen ficou sozinha, ela baixou a guarda. Ela se apertou ainda mais e deixou seu rosto se contorcer com os soluços torturantes.

Um relacionamento aberto. ~ela repetiu. ~ O que isso significa? ~ ~

Eram apenas nove da noite, mas Karen se esforçou para adormecer.

Ela não tinha escovado os dentes, o que ela sabia que a deixaria vulnerável a cáries e doenças gengivais.

Ela não lavou o rosto, e sabia que isso a faria ter rugas, poros dilatados e espinhas.

A toalha de Dan estava amassada no chão, o que deixaria uma mancha úmida no piso de madeira, mas ela nem ligou.

Essas preocupações normais não faziam sentido agora. Não em seu pequeno refúgio sombrio sob o edredom.

Seu marido estava com outra mulher. A sua filha estava doente.

Os males que ela havia trabalhado tanto para manter fora de sua casa haviam encontrado um caminho para dentro. E não havia nada que a Karen pudesse fazer para impedir.

LIBBY

Libby se sentou em sua cama, navegando no Facebook em seu laptop.

Ela deixou os vídeos rodarem pela tela, embora eles mal mantivessem o seu interesse.

Ela suspirou enquanto olhava para o seu quarto. O elaborado lustre de cristal lançava uma luz suave no quarto. Atrás das dramáticas cortinas de veludo azul, a noite havia caído lá fora.

Depois do jantar, Libby esperou na sala de estar por Jacob para assistirem TV, como eles normalmente faziam. Mas quando ele subiu para o quarto, Libby o seguiu.

Eles comeram a refeição favorita de Libby, mas o jantar em família só deixou um gosto ruim em sua boca.

Por mais que a Melinda incomodasse a Libby, não parecia certo que ela estivesse drogada em seu quarto.

Ouvir que a doença de Melinda havia piorado fez Libby se sentir mal por ter contado às amigas sobre o xixi na cama.

Bem, quase. ~

Libby ouviu um carro na garagem. Ela se levantou da cama. Da janela, viu a caminhonete de seu pai sair.

Isso era estranho.

Para onde ele estava indo tão tarde? Tinha algo a ver com quem ele estava mandando mensagem no jantar?

A misteriosa partida foi a gota d'água. Libby não queria mais ficar sozinha.

Ela caminhou pelo corredor em direção ao quarto dos pais. A porta estava fechada. Ela bateu.

Quando ela não ouviu nada, bateu novamente.

"Mãe?" Libby chamou.

Quando nenhuma resposta veio do outro lado, ela ficou mais inquieta. Mas talvez a sua mãe estivesse no chuveiro.

Ela tentou a porta de Rosie em seguida.

Rosie abriu, mas seu telefone estava pressionado em seu ouvido.

"Eu sei, baby, mas estou apenas dizendo a você como eu me sinto. Um segundo, a Libby está aqui."

Rosie segurou o telefone junto ao peito e ergueu as sobrancelhas como se dissesse: "Por favor, não diga nada à mamãe".

"O quê?" Rosie perguntou.

"Nada," Libby respondeu. "Você viu que o papai saiu?"

"Ele provavelmente só vai tomar uma bebida", respondeu Rosie.

As irmãs ficaram se olhando por um segundo.

"Bem, eu tô indo..." Rosie disse.

"Sim, claro," Libby respondeu.

A porta de Rosie se fechou mais uma vez. Libby não se surpreendeu. Sua irmã mais velha mal tinha tempo para conversar. Ela continuou pelo corredor até encontrar uma porta aberta.

"Jacob?" ela chamou.

"Entre!" a voz dele soou. Ela já podia ouvir o som de seu videogame.

Com certeza, o Jacob estava sentado de pernas cruzadas no chão na frente de sua TV. Na tela, ele estava atirando em soldados.

"Isso é Call of Duty?" Perguntou Libby.

"Não, idiota, é o novo Halo", respondeu. "Mas você pode sair, se quiser."

Ela se jogou no chão ao lado dele em um grande travesseiro. Ela olhou para o teto e percebeu uma aranha gorda tecendo uma teia no canto.

"Como você aguenta ouvir isso?" Libby perguntou sobre os tiros. "Não te estressa?"

"Essa é a questão. Faz o sangue fluir", Jacob respondeu.

Libby ficou sentada com seu irmão por um tempo, dizendo a si mesma que gostava da companhia dele. Mas mesmo Jacob, seu próprio irmão gêmeo, não queria ter tempo para ela.

Quando ela estava entediada demais, ela decidiu que já era hora de dormir.

"Boa noite," ela disse enquanto abria a porta.

"Boa noite," Jacob chamou, sem desviar o olhar da tela.

Libby estava indo para seu quarto quando ouviu um barulho vindo do quarto de Melinda.

Se a irmã dela estava acordada, ela poderia parar para dizer oi.

MELINDA

Melinda se debateu na cama.

As aranhas estavam chegando perto demais.

Ela sonhou que eles estavam tecendo uma teia sobre uma janela, e ela estava parada ao lado dela. Ela tentou fugir, mas por mais que lutasse, seus pés pareciam presos ao chão. ~

As aranhas eram pretas e brilhantes como óleo. Enquanto seus corpos redondos se enrolavam na teia, Melinda viu formas de ampulheta vermelhas em suas barrigas. ~

Viúvas Negras.

Uma aranha estava tão perto que seu cabelo poderia ficar preso na teia. Melinda choramingou. ~

Enquanto as aranhas teciam, ela percebeu que essa não era uma teia normal. Elas estavam elaborando um padrão - não - soletrando algo... ~

Uma mensagem para Melinda... ~

Ela mal conseguia distinguir as palavras na luz fraca. ~

VEJA AS…

Melinda forçou os olhos para ver a última parte. As aranhas retardaram seu trabalho, e ela pôde ler a mensagem inteira. ~

VEJA AS SOMBRAS

Melinda engoliu em seco, com medo. Ela tentou fugir, mas ainda não conseguia. As aranhas pararam de se mover de repente e suas pernas finas ficaram imóveis. ~

~Embora ela não pudesse ver os seus olhos - oito olhos minúsculos para cada uma delas - Melinda as sentiu olhando para ela. As criaturas pareciam que iam pular nela a qualquer momento... ~

Melinda acordou horrorizada, saltando da cama. A respiração pesada circulou pelos seus pulmões.

O sonho parecia tão real que era difícil para Melinda separar o sono da realidade.

Ela inspecionou as janelas e as encontrou sem teias.

Mas, se as aranhas estavam todas na sua cabeça, por que a Melinda ainda se sentia tão ansiosa?

Foi quando os sussurros começaram. Os olhos de Melinda se voltaram para a lareira.

"Não," ela sussurrou.

As pessoas-sombra estavam emergindo. Seus corpos esguios estavam saindo do covil enfumaçado e entrando no quarto de Melinda.

As cinco pessoas-sombras esticaram seus membros longos e esfumaçados enquanto se moviam em torno de seu quarto em um círculo torto.

Melinda engoliu em seco.

Ela estava cercada.

Ela ouviu a sua porta abrir.

"Melinda?" A voz de Libby chamou. De alguma forma, Melinda podia ouvi-la por cima dos sussurros.

Ela olhou para a irmã mais velha através da porta aberta.

Ela veria as pessoas das sombras, também? Será que as pessoas da sombra a veriam? ~

De repente, as pessoas da sombra começaram a correr...

Direto para Libby.

Libby gritou enquanto Melinda assistia aterrorizada. Os seres estranhos iriam machucá-la. Eles iam machucar a irmã dela!

Melinda colocou de lado seu pânico e se recompôs.

Ela tinha que detê-los.

Ela correu para a sua mesa e pegou uma tesoura.

Libby continuou a gritar enquanto as pessoas da sombra se aproximavam.

Enquanto Melinda corria para enfrenta-los, ela podia ver mais detalhes na aparência das pessoas-sombra do que antes. A fumaça se enrolou como mechas de cabelo, e quando um deles olhou para ela, ela viu o contorno de um nariz.

"Não!" Melinda chorou enquanto dirigia a tesoura para os corpos escuros. Suas formas delgadas pareceram solidificar quando a fumaça saiu de suas feridas recentes. Libby continuou a gritar.

Eu vou te proteger, ~pensou Melinda. Seus grunhidos frenéticos ecoaram em meio aos gritos e sussurros. Mais uma vez, ela apontou a tesoura para um dos corpos escuros.

Os sussurros pararam e Melinda largou a arma.

As sombras se dissolveram como a fumaça de uma vela.

Melinda havia protegido a sua irmã. Ela lutou para recuperar o fôlego enquanto olhava para Libby com amor.

Mas lentamente a visão de Melinda foi mudando. Os gritos de Libby ainda soavam em seus ouvidos. Ela percebeu que a sua irmã estava com a mão na barriga. O sangue encharcou a sua camisa.

Eles a pegaram! ~Pensou Melinda. ~ Eu agi tarde demais. ~ ~

Mas, então, Melinda viu que a tesoura estava manchada de sangue.

Oh, não. ~

A mente de Melinda girou.

O que foi que eu fiz? ~

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